sábado, 30 de novembro de 2013

Grêmio

"A questão não é ser Campeão do Mundo, Bi da Libertadores ou time que vence com sete em campo, é algo que vai além disso. Sabe quando a pessoa que você ama lhe pede: porque você me ama? Aí você diz muitas coisas, mas no final sente que não conseguiu se fazer entender.
Pergunto-me isso muitas vezes, o que me faz amar tanto meu Grêmio?
É uma paixão inexplicável, algo que me faz acreditar que eu poderia nascer
em qualquer lugar do mundo, mas eu sei que teria nascido gremista. Sei que é ilógico pesar isso, mas afinal dentro do amor o que é lógico? Se for loucura arrepiar ouvindo o hino do Grêmio e a geral pulando, se for sentimentalismo de mais amar o azul q contrasta com o preto e branco, dessa q é a camisa mais linda do mundo, e se for insanidade amar meu Grêmio e não conseguir amar igualmente outra coisa, eu sou então um louco sentimentalista insano.Mas antes de me julgar isso,me julgue apaixonado por esse GRÊMIO e se um dia sentir um pouco desse amor terá todas as respostas que necessita".
(Felipe Sandrin)

Verde Amor Americano

"Verde Amor Americano!
Quero fazer um comício sobre você para 110 milhões de brasileiros, quero dizer aos meus irmãos do Oiapoque ao Chuí que eu nunca vi amor assim como você, verde amor americano!

Você que nunca morre.
Você que não finge de morto.
Você que não tem medo de ser você.
Você que não cede.
Você que vai seguindo, indiferente a tudo.

Você que ninguém obriga a ficar de joelhos.
Você que ninguém manda abaixar a cabeça.
Você que não abaixa os olhos.
Você que segue olhando de frente.

Você que cresce a cada manhã.
Você que nunca diminui de tamanho.
Você que não tenta estrangular você mesmo.
Você que não tenta matar você mesmo.

Verde amor americano!

Quero fazer uma bandeira com você e pendurar num auri-verde pendão para a brisa do Brasil ficar beijando e balançando e espalhando no vento a sua certeza, porque eu nunca vi um amor como você, verde amor americano!

Falam com você que você não deve amar o América, que é um amor tão difícil, tão cheio de espinhos, de cacos de vidro, de brasas para queimar, falam com você que deve haver algum amor mais tranquilo, amor com gosto de sorvete de morango, amor branco e preto, amor azul, falam com você para você escolher um outro amor, porque há muitos amores para você escolher no Brasil, que é um país que é um mundo, falam com você no tanto que você pode ser feliz escolhendo outro amor, mas você, verde amor americano, fiel a você mesmo, vivendo do passado, se preciso, recordando um deca campeonato tão distante, agarrando-se em alegrias finas como um fio de cabelo de mulher, mas você caminha, verde amor americano.

Você caminha como um rio.
Caminha em curvas, caminha em remansos, caminha na água que parece parada, caminha voltando, caminha em correnteza, e eu já vi você cantar nas cascatas, verde amor americano! Você nunca perde a certeza de chegar no mar. Verde amor americano!
 
Quero fazer uma canção com você para 110 milhões de brasileiros ouvirem e sentirem que não há, neste mundo não há, nenhum amor como você, verde amor americano!

Quero por você cantando em 110 milhões de bocas.
Quero por você amando em 110 milhões de bocas.

Quero por você dando a 110 milhões de brasileiros a firmeza, que é a sua firmeza, verde amor americano, para os 110 milhões de brasileiros nunca estrangularem o amor que sentirem, para que os 110 milhões de brasileiros mudem de roupa, mudem de cidade, mudem de partido político, mudem de cor de cabelo, mudem de casa, mudem mesmo do Brasil, mas que nunca mudem de amor, que nunca capitulem no amor, porque a sua lição, verde amor americano, é uma lição realista: mais vale ser infeliz com o amor que a gente ama do que ser feliz com o amor que a gente não ama, se é que alguém possa ser feliz com o amor que não ama, e nunca amará, porque há decreto-lei para o coração, verde amor americano! "

(Roberto Drummond)

Santos

"Se tivesse que escolher novamente, faria tudo outra vez. Mesmo nos tempos difíceis, nosso amor e orgulho continuavam intactos. Quando acabava cada campeonato e não conquistávamos o título, mesmo que "baleados" por dentro, fazíamos questão de vestir o manto e ir para a escola "enfrentar" tudo e todos. Com argumentos malucos, verdadeiros ou não, estávamos lá, prontos para dizer que o nosso Santos sempre foi o melhor e único.

Nossa escassez era de títulos, jamais de orgulho e amor. Isso nunca faltou ao grande SANTOS. O tempo passava e o amor crescia, até que fomos finalmente premiados. Hoje os tempos são outros. Somos um dos poucos clubes do país com estrutura de primeiro mundo, o que nos faz acreditar que um futuro ainda melhor nos espera. Somente nós, torcedores do Melhor do Século, sabemos o sabor de cada conquista obtida contra tudo e todos.

Mesmo depois desses muitos momentos difíceis que vivemos, nunca colocamos em dúvida o nosso amor por essa instituição. Discutimos, sofremos, brigamos e choramos. Tudo para nós, torcedores do Melhor do Século, é diferente. Qualquer vitória e qualquer conquista sempre são acompanhadas de muita magia e brilhantismo.

O SANTOS não precisa nos dar nada. Nós, ao SANTOS, daremos tudo! Nosso afeto e nosso amor não dependem de títulos e vitórias. Carregaremos por toda vida esse SANTOS no coração.

São 95 anos de glórias. É com muito orgulho que comemoramos
Estaremos ao seu lado por toda a eternidade, nos momentos bons e, principalmente, nos difíceis. Repito que do Santos não queremos nada. Saber de sua existência já nos basta para sorrir. Estaremos sempre prontos para servir ao maior time da história do melhor futebol do mundo.

Obrigado por existir, Santos Futebol Clube.

Obrigado por deixar-nos fazer parte de sua história.

Nada do que possa acontecer, será mais forte do que há entre nós".

(Marcelo Balassiano Greco e Leonardo Dias Jr.)

Cruzeiro - Um amor jamais vencido!

"Para se descobrir o amor não adianta ficarmos a procura da pessoa perfeita, de um principe ou princesa encantados. Eles não existem. O amor não é programavel de modo que você hoje resolva sair a fim de encontra-lo e pronto. O amor simplesmente aparece quando você menos espera e se for realmente amor vem para ser lembrado para o resto de nossas vidas. Não há como esquece-lo. E digo mais: o amor somente é perfeito quando encontramos alguem ou algo que nos transforme no melhor que podemos ser. Na renovação do nosso espirito a cada manhã. Na vontade incontrolável de mostrar ao mundo o quanto você está amando, na vontade de em todas as conversas incluir o nome do seu grande amor.

Foi exatamente assim que surgiu meu amor pelo Cruzeiro. Criança , comecei a frequentar o Mineirão com meu pai e a paixão por aquela camisa azul com cinco estrelas foi imediata. Me lembro que eu olhava cada torcedor ao meu lado e via a vibração estampada em sua cara. Alegria, tristeza, raiva, paixão ! Sentimentos verdadeiros, espontaneos que mexiam com aquelas pessoas. Passaram se os anos , meu pai parou de frequentar o estadio mas eu mesmo ainda muito jovem já estava completamente apaixonado por aquele clube. Nos domingos não conseguia parar de pensar na hora em que o encontraria novamente. Nosso horario eram as tardes , para ser mais preciso, as 16 horas em ponto. Claro que eu como um apaixonado sempre chegava mais cedo, afinal não podia perder nada. Admirava cada bandeira desfraudada com as cores azul anil e branco . Cantava até ficar rouco extravazando todo meu amor.

Os anos se passaram tive inumeras alegrias, algumas tristezas, desilusões , explosões de felicidade e vi que a exemplo de outros amores, a gente precisa aprender a conviver com isto. Nem sempre tudo era um mar sereno e azul. Apareceram momentos dificeis, amigos me diziam pra largar deste amor que me fazia sofrer mas eu dizia que confiava na sua recuperação e que estaria sempre ao seu lado.

Pois te digo que fui e continuo sendo imensamente feliz ao seu lado Cruzeiro. Se com as pessoas amadas recebemos alegrias como uma aprovação em um vestibular, uma promoção na empresa, um sobrinho que ela nos dá, um presente que tanto queriamos, você me deu alegrias nos inumeros titulos conquistados. Porem sua historia ao meu lado foi muito mais do que apenas titulos. Você esteve ao meu lado nos meus sonhos, alimentando minha vontade de viver cada dia mais . Esteve presente no meu dia a dia. Na alegria e na tristeza ! Na saude e na doença. Amando te e respeitando te por todos os dias de minha vida. Uso a sua gloriosa camisa com um orgulho de quem comprou um terno Armani para ir a festa de seu casamento. Ninguem mas ninguem no mundo tem um escudo mais maravilhoso do que o seu: a constelação do Cruzeiro do Sul e só. Não precisa ter nome associado ao seu escudo pois todos o conhecem e respeitam. Saio na rua e me sinto mais forte, confiante quando envergo a camisa azul estrelada. Sinto que muitos me olham com inveja, com ciumes daquele amor que me traz tanta felicidade. Alguns não suportam ver o sorriso estampado em minha cara.
Penso em você todos os dias . Procuro noticias suas por todos os lados, nos jornais, revistas, tv ou net. Me lembro sempre da frase do seu hino que diz: Temos paginas heroicas imortais, Cruzeiro, Cruzeiro querido, tão combatido jamais vencido!

É bem isto aí. O amor pode sofrer provações, tormentas mas nunca será vencido. O meu por você está eternizado."

 ( Bruno Steinberg)

Porque sou Vascaína

"Como é que eu sou vascaína? Não sei. Amor é assim: você vai atravessando a rua e de repente vê um cara e ele te olha, você olha para ele e pronto: apaixonou!

Comigo e o Vasco também foi assim. Mocinha, mocinha, desembarquei do meu lta, vindo do Ceará.

Era sábado, no dia seguinte me levaram para assistir a um jogo. Vasco e Fluminense? Acho que sim. Meu tio, vascaíno, me explicou que o Vasco era uma das mais puras expressões do Rio - o português-carioca, aqui nascido ou aclimado, nesta cidade que eles fundaram e que, já antes de D. João VI, amavam apaixonadamente. Foi um jogo difícil, mas o Vasco venceu. Terá sido aquela vitória suada que me conquistou? Ou a celebração, a gente num carro de capota arriada (ainda havia disso) atravessando a Avenida, cantando e soltando vivas ? Não posso explicar. Como já disse, não se explica: acontece.

E desde aquele primeiro jogo, nunca mais deixei o Vasco. Em casa o marido era Fluminense - erro dele!

E por mais que Zê Lins do Rego, o amigo fraterno, fizesse tudo para me arrastar ao Flamengo - até pela imprensa, no Jornal dos Esportes! Eu ficava inabalável. Edilberto Coutinho sabe disso e conta.

Dai para cá, nestes longos anos, tivemos de tudo - vitórias, anos magros, campeonatos (o Expresso da Vitória) lembram? E quando a concentração era na Praia do Barão, na llha do Governador, nós morávamos lá, a gente se visitava. E nas vezes em que o time chegava, Ademir, Barbosa, os outros, era a glória do quarteirão!

Lembro até um episódio dessa época - foi na década de 50? - os anais do clube dirão. A gente já ganhara o campeonato, mas teve um jogo de arremate; era com o Olaria, e lá fomos nós, sacramentar o título na tribuna de honra. Mas não sei se os nossos rapazes tinham comemorado demais na antecipação segura, sei que a nossa situação foi ficando incómoda: o Olaria estava um brilho só. Não é que o título perigasse, mas podia ser um vexame. E o mais aflito era o presidente do Olaria, o hospedeiro, suando no seu terno branco, constrangidíssimo. A sorte é que de repente mudou, e salvou-se a honra. Todos respiramos - mas o susto foi grande.

Na noite de festa em que me deram a carteirinha de sócio honorário, excusei-me de fazer discurso, ao recebe-la, mas fiz uma promessa: “Juro que jamais a rasgarei em momentos de desespero !” A promessa foi cumprida; e ainda guardo a minha carteirinha, linda, entre os meus documentos mais preciosos.

Viva o Vasco!"

(Rachel de Queiroz)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Internacional

"O passado é prólogo. Certos acontecimentos dão força a esta frase, transformam tudo que veio antes em preliminar, em mero antecedente. Ou, para usar outro termo literário, em prefácio. Você se dá conta de que tudo que houve até ali - toda uma vida, toda uma história - foi simplesmente preparação para aquele certo momento, depois do qual nada será como era. E o passado ganha uma lógica que não tinha. Você passa a entender tudo em retrospecto. Tudo tinha um sentido que você apenas não percebera, na falta do momento máximo. A vitória do Grêmio em Tóquio em 83, os anos medíocres, o quase rebaixamento, as finais desperdiçadas, os vexames, as desilusões - tudo era prólogo para ontem.

Agora ficou claro, agora ficou lógico. O próprio destaque como melhores do mundo conquistado pelo Barcelona e pelo Ronaldinho fazia parte da preparação para o nosso 17 de dezembro, que não teria o mesmo gosto épico se o adversário fosse outro. Tudo era armação para aumentar o brilho e o drama do nosso momento máximo. Tudo se encaixava. Ou você pensa que a saída do Pato e do Fernandão, ontem, foi obra do acaso, esse autor sem imaginação? O resultado de ontem veio sendo construído aos poucos, desde antes da fundação do Internacional, antes de Pedro Álvares Cabral, antes de Homero e das Pirâmides.

E eu sabia que havia uma justificativa histórica para o topete do Gabiru.

Há dias a leitora Poliana Lopes me lembrou de um texto que eu tinha escrito, e esquecido. Ela teve a gentileza de me mandar o texto, e eu peço licença para repeti-lo agora. Era assim: 
 
Meu caro colorado. Desculpe esta carta a céu aberto, é que não sei nem seu nome nem seu endereço. Na verdade, só vi você na rua, de mãos dadas com seu pai e cercado pelos seus irmãos, que vestiam a camiseta do Grêmio (suponho que fossem seu pai e seus irmãos). Você estava com a camiseta do Internacional. Quase parei o carro para olhar melhor, mas não era miragem. Você tinha uns quatro ou cinco anos e estava de camiseta vermelha! Seu pai vestia uma camisa branca exemplarmente neutra, mas posso imaginar como tem sido a sua vida em casa. As provocações, os petelecos, a flauta, o martírio. E lá estava você de camiseta vermelha, o antigo escudo orgulhosamente no peito, desafiando todas as provações. Não sei se você sabe que vários colorados da sua geração não agüentaram e trocaram de time. Levaram pais e avós ao desespero, mas não suportaram a pressão do sucesso gremista. Você agüentou. Você não sabe, mas é um herói. E fiquei pensando que, quando for a nossa vez de novo, teremos certamente a torcida mais dedicada, fiel, convicta e feliz do Brasil. Porque será a torcida dos que resistiram. Agüente só mais um pouco. Meus respeitos."

Mas isto tudo também pode ser um sonho.

Se for, por favor: não me acordem." (Luis Fernando Veríssimo)

Náutico

"Náutico, eu te amo

Náutico, eu te amo, não por querer me espelhar em outros, mas pq tu és meu espelho.

Nos dias de glória, nos dias de tristeza.

As vitórias que fazem vibrar,fazem sorrir e acima de tudo, sonhar. As memórias dos títulos inesquecíveis e as partidas dramáticas que nos tira o ar, faz sentir o coração, nos dá a plena emoção de torcer.

As derrotas que nos marcam, mas que servem de aprendizado, nos fortalece e inspira a tentar novamente, na certeza que o melhor dos momentos nos espera, porque acima de tudo, somos fortes.

Nada no Náutico é fácil, não adianta se iludir e achar que essa rotina mudará, pq se um dia for, nenhum de nós estará vivo para presenciar. É um mal histórico.

Escolher o Náutico, é escolher amar alguém, conviver com suas falhas, com suas virtudes, mas acima de tudo, estar disposto a abrir o coração e ajudar o que se ama.

É acima de criticar, enxergar caminhos, buscar soluções e sentir-se como um só. O objetivo tem de ser um só, o caminho deve ter o mesmo destino.

Náutico, eu te amo, não por tua força, mas por saber que em mim tu podes se apoiar, pois eu compartilho de tua dor e te guio pra tua glória. Eu me dedico a te fazer brilhar, porque quando te vejo, vejo a mim.

Amanhã, estarei no campo para te ver, gritar o teu nome, para te fortalecer. Não estarei lá para virar as costas para teus tropeços, mas para te inspirar a mudar cenários, consegui feitos impossíveis, enfim, estarei para te apoiar.

Este foi o meu compromisso quando te conheci, essa é minha missão e tenho como obrigação fazer parte de tua solução, usando tanto minha cabeça, quanto meu coração.

Eu te prometo Náutico, defenderei a ti por toda minha vida, pois sei que tu precisas tanto de mim, quanto eu de ti.

Náutico, eu te amo".

(Adethson)

Botafogo

"O Botafogo tem tudo a ver comigo: por fora, é claro-escuro, por dentro, é resplendor; o Botafogo é supersticioso, eu também sou. O Botafogo é bem mais que um clube - é uma predestinação celestial. Seu símbolo é uma entidade divina. Feliz da criatura que tem por guia e emblema uma estrela. Por isso é que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da luz. Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus." (Armando Nogueira)

Bahia

"Às vezes, lendo os textos postados aqui no Bahêa Minha Porra, fico lembrando das histórias que vivi ao torcer por esse time: viagem de 2 dias em ônibus ruim pra ver o time em Fortaleza, copo de cerveja na cara e escolta da polícia em Recife (1988), faltar a encontro com namorado para viajar pra Feira de Santana domingo de tarde… aff… A maior responsabilidade nisso é de meu pai: o véi Vavá.

O véi Vavá nasceu em 1927, quatro anos antes do Bahêa, em Santo Amaro da Purificação, e veio morar em Soterópolis logo em seguida. Virou Bahêa assim que o time foi fundado e comparecia, religiosamente, a todos os jogos… No campo da Graça, na Fonte Nova e em todos os lugares mais, até no Barralixo…

Ele só vestia roupa azul, vermelha e branca, sendo que qualquer outra cor soava como traição. Foi sócio fundador do time… Pai de 7 filhos, pensava que sacrificar seu salário de operário da ferrovia para ajudar a manter uma das suas alegrias de vida era obrigação.

Eu sou a filha caçula, nascida após a aposentadoria. Por isso, virei sua companhia no estádio. Ralei muito joelho na arquibancada, correndo e brincando quando criança, não prestava atenção ainda no jogo e ia junto porque meus irmãos não podiam ou não queriam ir mais com ele, velho e marrento… Anos depois, adolescente, habituada e viciada igualmente no time, virei sua companhia de choro e aprendi a roer as unhas pelo time.

O tempo passou, eu cresci e deixei de ir ao estádio… Mas o véi Vavá não. Continuou a sair todo domingo, com seu radinho, sua garrafa térmica e sua almofada. Quando descobriu que tinha o direito, ganhou seu passe livre pra entrar no estádio, e esse foi uma de suas maiores alegrias. Parecia um menino ouvindo seu time jogar. Sempre com os comentários de Armando Oliveira, seu ídolo, na ponta da língua.

Nesse período, passou a levar consigo também seus remédios pra asma. Sempre com seu Hamilton, companheiro de torcida. Levava também qualquer um que pudesse acompanhá-lo, inclusive um primo meu, torcedor do Lixória… Sua esperança era catequizar o cara… Tadinho… Não adiantou, o bichinho tem mau gosto mesmo…

O véi Vavá era tão viciado no Bahêa que seu humor variava conforme o resultado dos jogos. Uma das primeiras coisas que aprendi foi dormir cedo nas quartas-feiras quando o Bahêa empatava ou perdia na Fonte… Quando ele chegava, num tinha papo, quem tivesse pela frente, sobrava!!!!

Eu respeitava tanto isso nele que, mesmo após a idade adulta, nunca arrumava namorado que não fosse tricolor, porque seria o mesmo que me condenar à segregação familiar. O mesmo aconteceu com o nome da minha filha, cuja escolha teve participação do véi Vavá: eu queria que a guria fosse minha xará. Cheguei a revelar minha vontade em batizá-la de Maria Vitória, para combinar com meu nome, que significa “o vencedor”, em hebraico. O véi Vavá disse: “Se botar esse nome, deserdo!!!” Então, a guria virou Daniela, cujo significado é: “Deus é meu juiz”… E ganhou padrão completo do Baêa, antes mesmo de nascer, pra aprender cedo.

Mas o tempo passou também pro véi Vavá. Em 2002, voltando da rua num domingo, por volta das 14 horas, encontrei-o parado, a uns 200 metros de casa, amparado num poste, arfando. Não conseguiu chegar ao ponto de ônibus para encontrar os amigos. O sentimento de humilhação que vi em seus olhos ao ser amparado por mim, no retorno à casa, foi indescritível. Esse foi o sinal de que estava acabando sua jornada na Terra: não vê-lo conseguir chegar a um jogo do Baêa era um marco, nunca antes visto. Chorei escondida… E ele também.

Mas ele viveu mais um ano ainda: o suficiente para ver muitas vezes, pela parabólica, os jogos. Seis meses após sua partida, aconteceu a tragédia: o Bahêa caiu pra segunda divisão, naquele 7 X 0 contra o Cruzeiro. Eu, ouvindo o rádio, na rua, liguei pro meu marido, que estava em casa e disse, chorando: “Se meu pai não tivesse morrido, morreria hoje!!!”

O véi Vavá se foi. Mas seu amor pelo Bahêa vive ainda, em mim, em meus irmãos e em nossos filhos. Ele não tinha herança financeira pra deixar, mas ensinou a todos nós, desde criança, um grito, um desabafo, que nada mais é do que a declaração de amor por essa religião que a gente chama de time. BORA BAHÊA, MINHA PORRRRRAAAA!!!

Valeu, véi Vavá, fica com Deus!!!"

domingo, 24 de novembro de 2013

Flamengo

"Era um amistoso sem nenhuma importância, tanto que Fadel Fadel nem se lembra direito do adversário. Lembra-se vagamente de que o jogo terminou empatado. Fadel ia saindo do Maracanã, caminhando pelo estacionamento em busca do carro, quando o cumprimenta um senhor de meia-idade, cabelos grisalhos, pele curtida de cor indefinida, e com uma surrada camisa rubro-negra. Afável, sobretudo com torcedores do seu Clube, Fadel responde ao cumprimento e ouve paciente o que o homem começa a lhe dizer:
– Seu Fadel, foi bom encontrar o senhor. O senhor é um homem importante, presidente do Flamengo, tem sua família, sua mulher, seus filhos, sua casa... Tem um carro bonito, tem os seus negócios... Eu queria fazer-lhe um pedido:
Fadel deixa a mão deslizar até o bolso, adivinhando o tipo de pedido que ia ouvir. O torcedor continua:
– Seu Fadel, eu queria lhe pedir para o senhor cuidar muito bem do Flamengo. O senhor tem tudo na vida, mas eu só tenho uma coisa: O Flamengo. Por favor, cuide bem dele.
Fadel acha que só naquele dia entendeu profundamente o que é a paixão pelo Flamengo."

(http://www.flamengo.com.br/flapedia/Fadel_Fadel)

Fluminense

"O Fluminense é a impessoalidade que mais amo na vida. Acima do Fluminense na minha escala de amor, só pessoas, e mesmo assim pessoas que em nossas vidas possam durar para sempre: pai e mãe, irmãos e filhos – ah, e Deus, e bom não esquecer!

Sempre alimentei a fantasia de um dia o Fluminense se transformar numa pessoa. Assim acontecendo, eu olharia direto em seus olhos e lhe diria: “Você faz idéia do quanto eu te amo?”(Marcelo Meira, retirado do livro "Laranjeiras Imortais")

Eu considero o amor do torcedor por seu clube o que tem de mais bonito no futebol.

Ao longo do tempo, juntei textos, frases e depoimentos que mostram a paixão do torcedor, independentemente do clube. A intenção desse blog é dividir esse material, fazendo com que cada torcedor se sinta retratado.

 A autoria de cada texto é respeitada. Apenas alguns eu não sei a origem. Se alguém souber, agradeço a informação.